A Vila de Patos, na Paraíba, teria sido o local da peleja entre Ignacio da Catingueira e Romano da Mãe d'Água ocorrida em 1870. Dizem que esta foi a peleja fundadora de todas as pelejas.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Geraldo Amâncio e Valdir Teles - Cantoria na Fazenda

Atentai-vos, ó vilapatoenses, para a faixa 7. Nela vc pode experimentar o verdadeiro significado de um improviso num pé de parede. Esta faixa, única, sem dúvida coloca este disco em um lugar de destaque entre os discos de repente. Imperdível e obrigatório!






Faixas*:
01 [tempo de outrora]
02 [o poder de deus]
03 [pé de parede na casa de domênico]
04 [sou um judeu errante pelas estradas da vida]
05 [tenho a minha viola pra vender que eu não posso viver da profissão]
06 [eu pensei em ser vaqueiro mas o tempo não deixou]
07 [a lavoura se perde no baixio quando o vento espatifa o nevoeiro]
08 [delegado não prenda o violão do boêmio que canta apaixonado]
09 [diálogo entre mestre de discípulo] Furiba e Geraldo
* O disco originalmente não trás informação sobre as faixas.

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Mote:

Geraldo Amâncio e Valdir Teles - Cantoria na Fazenda




João Furiba

Poeta popular, violeiro-repentista, João Batista Bernardo, o João Furiba, nasceu a 04/07/1931, em Taquaritinga do Norte. Iniciou a carreira ainda na adolescência.
Considerado um dos grandes repentistas nordestinos, já arrebatou mais de trinta troféus em festivais de violeiros, tendo conquistado por 13 vezes o primeiro lugar nesse tipo de competição.
O apelido de "Furiba", que segundo ele representa coisa sem importância", foi dado pelo repentista Pinto do Monteiro. [Fonte]



O famoso poeta e repentista, João Bardino Batista, que mora na longínqua Triunfo, ainda enfrenta desafios por cidades do interior do Nordeste. Sua vida é um rosário de desafios ao longo de 80 anos. Conta com 44 filhos.
O lendário João Furiba, um velho magro de andar ereto, morando nos confins da Paraíba, cidade de Triunfo, é um dos melhores repentistas do Brasil. É o melhor. Trata-se do pacato agricultor João Batista Bernardino, 80 anos. Um grande "fazedor" de meninos: 44 filhos. Foi amigo e parceiro de um dos renomados rei da cantoria. Ou melhor, do falecido Pinto de Monteiro, outro cantador de grande monta do Nordeste brasileiro.
O "plantador de feijão e milho do sítio Cacimba Velha" diz que nasceu no dia 4 de julho de 1931 no sítio Bomba D´Água, Serra de Cachoeira, em Taquaritinga do Norte, Agreste pernambucano.
"Minha mãe lavava roupas à margem do rio quando, num repente, eu vim ao mundo. Muito nova e inexperiente minha mãe correu assustada para casa", diz o poeta em um dos trechos do seu livro Furiba Falando a Verdade.
Furiba mora com Maurícia Dias Nunes, sua atual esposa, que já lhe deu cinco filhos, dos quais uma garotinha de cinco anos, Amanda, e um garoto com seus 12 anos. A vida do poeta "é sofrível" e cheia de "altos e baixos", mas mesmo assim a sua vida é alegre, sem riquezas materiais, sem rancor e amargura, e cheio de lembranças dos amores que marcaram a sua vida. "Mas mesmo assim, mantemos o bom humor. Ele caindo aqui e caindo acolá. Ele está sempre alegre", diz Maurícia.
Os desafios do repentista são tantos por esse mundo afora nesses oitenta anos de peregrinação pela terra. Um dos momentos críticos da vida do grande poeta foi quando um padre chegou a lhe dar a extrema unção em uma cama de uma UTI de um hospital lá de Cajazeiras. Isso ocorreu há uns dois anos. Era um mês de dezembro. "O padre, na hora, disse que não adiantava levar ele para casa. Ia morrer mesmo", conta Maurícia.
"Ele ficou sete dias numa cama da UTI. A gente já estava desanimado. Mas ele é durão e resiste a tudo até agora", destaca a esposa. Não é de agora que o repentista escapa das armadilhas que a vida lhe prepara de vez em quando. Quando ainda era bebê, João Furiba relata que escapou de "ser comido por uma coruja, a qual, junto à caixa, julgava-me um fihote de punaré. Minha mãe tacou-lhe o cabo de vassoura".
João Bernardino, na verdade, segundo ele próprio relata em seu livro, viveu os seus primeiros dias de vida no interior de uma caixa de sapatos. Era do tamanho de "um punaré". E quase foi devorado por uma coruja faminta. Além de renomado poeta e repentista, ele é um verdadeiro campeão e um porto seguro para quem quer tomar lições de uma vida cheia de desafios.
"Após os sete dias, o João acordou na cama da UTI. Ele é muito forte e um verdadeiro poeta da terra", narra Maurícia. Há uns 13 anos, o repentista enfrentou outra agrura na vida. Dessa vez, segundo afirma ele, teve problema nas cordas vocais. "Fiz até cirurgia", esclarece.
Após recuperar a voz, João Furiba, de três a cinco anos para cá melhorou, mas ainda sente crises. O repentista deu de cara com o repente quando ainda era pequeno. Em sua casa era comum ocorrer cantorias. Ele e o irmão, Vicente, ficavam grudados junto aos cantadores. Conta o poeta: "os poetas achavam graça e diziam assim - Esses bruguelos prometem". Aos 12 anos, João Furiba ganhou uma viola do avô de presente. Foi a partir daí que os irmãos começaram a fazer cantorias decoradas com os versos dos cantadores. "Aos 15 anos já estava fazendo cantorias nas casas dos vizinhos e em cidades e vilas da região, como Vertentes, Surubim, Santa Cruz do Capibaribe e várias outras cidades".
O famoso repentista e poeta também foi acometido por um tumor maligno que lhe levou um dos rins, "mas a esse mal ele também soube resistir com bom humor", diz Maurícia. Em se tratando de mulheres, João Furiba contou com "seis esposas, que eu saiba e, até agora, enfrentou muitas dificuldades, mas ainda é um poeta de verdade e sempre esbanjando alegria", afirma, sem rancor a sua atual mulher, com a qual mora há 25 anos.
João Furiba conheceu Maurícia num sítio, o Sossego, o mesmo que mora os seus seus pais, que cultivavam umas terrinhas. Há seis anos,o repentista resolveu casar com ela de forma oficial. "Ajeitamos a papelada no cartório", esclarece Maurícia.
Quando não está em casa "escrevendo livro e ajeitando as coisas", o poeta passa o tempo em seu sítio plantando milho e feijão no Cacimba Velha, "mas só quando chove. Lá, em muitas vezes, eu fico ajeitando a cerca e até vendo algum gadinho". Na sala da casa do poeta vê-se dezenas de troféus. Ele ganhou "em pelejas por aí pelo Brasil".
Segundo Maurícia, "cada mulher que passou pela vida de João Furiba ficou com muitos troféus que ele ganhou aí pelo Brasil. Acho que o meu marido ganhou mais de dois mil troféus em festivais por aí afora". O poeta ainda viaja bastante por cidades do Interior do Norte e até para outros Estados. É para "fazer peleja".
"O Furiba viaja ainda pelo Interior para fazer cantorias, apesar da idade avançada. Aqui e acolá tem um pinga-pinga na bandeja", disse Maurícia. O encontro do poeta com Pinto de Monteiro ocorreu pelos idos de 1949. Foi quando o famoso Lino Pedra Azul de Lima, um repentista de grande estima na região de Sumé, pediu para lhe substituir numa cantoria. O outro cantador era Pinto. O lugarejo se chama Boi Velho.
"Sabendo das minhas qualidades, pediu-me para substituí-lo. Aceitando a briga, levei a carta de apresentação ao outro cantador que já estava em Boi Velho". Pinto de Monteiro, na ocasião hesitou, mas depois "de muitas insistências dos amigos, concordou em cantar comigo. Pela pouca idade, ele não confiava na minha cantoria. A cantoria fez sucesso. Pinto gostou e convidou-me para viajar com ele, o que fizemos por uns dois anos", recorda João Furiba.
Além de cantador e poeta, João Furiba prestou serviço na Aeronáutica como soldado, no Rio de Janeiro. Aprendeu o ofício de mecânico do setor aeronáutico com um operário mineiro na fábrica da Celma. Enquanto era destacado em uma base aérea, foi, ainda, comissário-de-bordo pela Panair do Brasil.
Na Itália chegou a passar fome, em uma ocasião quando Castelo Branco cassou a Panair. Ele se encontrava em Milão e achou muita dificuldade em voltar para o Brasil. Por esse momento, passou cinco dias comendo resto de comida no Comissariado do aeroporto. Por sorte, devido a sua longa permanência neste setor, se deparou com um avião da Varig de passagem pelo aeroporto. Saiu por volta da uma hora da madrugada de Roma, e chegou no Galeão às 14 horas.
"Quando vi meus colegas todos desempregados, eu chorei de emoção. A situação do pessoal da Panair era muito triste", relata João Furiba. [Fonte]

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