A Vila de Patos, na Paraíba, teria sido o local da peleja entre Ignacio da Catingueira e Romano da Mãe d'Água ocorrida em 1870. Dizem que esta foi a peleja fundadora de todas as pelejas.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Elomar 2007 Tramas do Sagrado

Este CD acompanha o livro de Simone Guerreiro, Tramas do Sagrado: a poética do sertão de Elomar.

"Eles me buscam com o olhar distante
em cada canto, do pátio ao terreiro
vão ao oitão da casa entre canteiros
rever as coisas que não existem mais"

Elomar Figueira Mello, cantador que habita o sertão profundo, sofre a sina de eclipsar, com sua própria figura, a obra que constrói. Muitos o conhecem (freqüentemente como rebelde, maldito, marginal ou transgressor), mas poucos atravessaram a porteira de sua cantoria, feita de óperas, árias, autos, incelenças e cantigas – estas de típico sabor trovadoresco-medieval, cruzado, feudal e teocrático.“O perigo é o não pensantismo”, desdenha o cantador, acrescentando (como quem acha que “o mundo marcha numa velocidade de alta aceleração para o abismo”): “Está chegando uma geração não pensante, portanto, dispensável”.Simone Guerreiro, mestra e doutora em Letras pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), se impôs a tarefa de separar homem, mito e obra, em Tramas do sagrado: a poética do sertão de Elomar, acompanhado de um CD, com entrevista e trabalhos do artista.O livro, que tem apresentação de Evelina Hoisel (professora titular de Teoria da Literatura da Ufba), será lançado no próximo dia 20, às 19 horas, no saguão da Casa do Comércio, seguindo-se um concerto do artista, às 21 horas, no Teatro do Sesc.Distante dos que o querem menestrel (“que não compõe poemas, apenas os declama”), Simone Guerreiro vê em Elomar, porque elabora e executa os próprios textos, um trovador. Que é também denunciador de agravos e injustiças, cantador que “quebra a cerca da manga e se alevanta nos cascos”, em feitio de boi turuna e barbatão.Ele se relaciona com dois sertões: o de fora, real, ao alcance de todos, e o de dentro, ou sertão profundo, insólito e imaginário, “um sertão de tempo pretérito”. O artista “mora e demora” no sertão real, mas é no sertão profundo que está sua oficina, berçário de sonhos, obra e personagens.
“VISAGES E PANTUMIAS” – A classificação de Elomar como “regionalista”, preferência de muitos, é rejeitada por Simone Guerreiro, que destaca no trovador “a poesia intuitiva, lírica, épica, trágica, expressão de um homem profundo e contraditório”, que canta uma terra “áspera, bela e cruel, de uma gente singular e de uma linguagem com especificidades e atavismos”.Dizendo-se “na contramão da massa”, ele responde: “Eu canto o homem. O sertão é o que me circunstancia”, reeditando a fórmula tolstoiana de atingir o universo a partir da aldeia. Explica a autora, na exegese do texto, que “estar na contramão” faz a diferença entre o artista que pensa e o mero “funcionário da técnica”: este é preso às normas do senso comum, aquele é livre para voar. E é desse vôo libertário e criador que nasce o que ela chama de “a ética do artístico, fundamentalmente, transgressora”.O título Tramas do sagrado Simone Guerreiro diz ter bebido na generosa fonte que é a Ópera da catingueira, em que abundam lendas, mitos e crendices da tradição cultural do Brasil sertanejo e cristão, um espaço onde “sagrado, profano, deuses e demônios misturam-se e confundem-se”. A produção de Elomar é mesmo eivada de “visages”, fantasmas, “lubisome cumedô dos pagão”, pantumias (entes do “outro mundo”) e latumias (“artes” do romãozinho e assemelhados), um caldeirão da mais pura cultura brasileira, erguida na base de uma vertente regional – o estilo dos repentistas do Nordeste.A leitura desperta links para Guimarães Rosa (Grande sertão: veredas ), Miguel de Cervantes (D.Quixote de la Mancha), Ariano Suassuna (O romance da pedra do reino ) e, quem sabe, Glauber Rocha (Deus e o diabo na terra do sol).Mas deixe-se claro que só Elomar Figueira Mello é Elomar Figueira Mello, “derna a mudernage”, quando, aos 21 anos, escreveu a abertura da ópera O retirante.Tramas do sagrado é pesquisa de fôlego que resulta em livro necessário (montado em excelente projeto gráfico, com ilustrações do artista plástico Juraci Dórea), e reúne o rigor da acadêmica Simone Guerreiro – também pesquisadora da União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime) – com o vigor de um dos nomes mais instigantes da cultura brasileira, Elomar Figueira Mello. É da maior conveniência, portanto, que todos nós, pobres bichos urbanos e convencionais, leiamos o livro e ouçamos o CD, até mesmo como exercício de... pensantismo. [Fonte]
LIVRO TRAMAS DO SAGRADO
Já está disponível o livro Tramas do Sagrado: a poética do sertão de Elomar, de Simone Guerreiro, acompanhado de CD de Elomar e Camerata Kaleidoscópio, gravado em Salvador e em Lagoa Real – BA, em 2006. Contato com a produtora de Elomar, tel.(77)3424-4051, e-mail: atendimento@rossanepublicidade.com.br, distribuição para todas as cidades brasileiras. Formalize agora o seu pedido enviando os dados para o e-mail citado: nome e endereço completos com CEP, número de exemplares.
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Faixas:
01 recitativo: as três irmãs do poeta, de E. Berthoud (trad. Castro Alves)
02 solfejo
03 noite se santo reis (ao vivo)
04 vamos à cantiga, amigo!
05 cantiga de amigo
06 sobre verso de Dante
07 tempora labatur
08 campo branco
09 de belas formas que lá longe vêm
10 elomar e o estado do sertão
11 os sertões clássicos e contemporâneos
12 o sertão profundo
13 a lenda do veado branco
14 "a chuva é visitante e o sol é morador"
15 a poesia sob o lume
16 a balada do desesperado, de henry muller
17 poesias dos quinze aos vinte anos
18 dedicatória a joão guimarães rosa
19 lugares de exílio, lugares de saudade
20 mensagem e da catingueira
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Mote:
DIVIRTAM-SE

2 comentários:

Poeira e Cantos disse...

Véio, por favor poste novamente essa belezura de álbum.

Um abraço

Marcus falcão.
http://poeiraecantos.blogspot.com/

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.